terça-feira, 12 de abril de 2011

Implante pela técnica Kricheldorf: criada por um brasileiro, é menos invasiva

39_360x240Em que consiste a Técnica Kricheldorf?
É uma cirurgia de enxerto ósseo bucal e consiste em reconstruir o rebordo alveolar dentário (tecido ósseo que envolve as raízes dentárias, que, pela ausência das mesmas, sofre uma reabsorção severa, diminuindo em altura e espessura) tridimensionalmente, tornando-o apto e em condições de receber implantes dentários. No entanto, a Técnica Kricheldorf simplifica este processo cirúrgico, dando condições para ser realizada em consultório odontológico sob anestesia local e sem grandes morbidades ao paciente. É fundamentada no conceito de cirurgias minimamente invasivas, que são cirurgias que buscam, através de pequenas incisões, atingir o objetivo da cirurgia. Por exemplo: anos atrás se faziam incisões extensas para tratamento cirúrgico de apendicectomia (remoção cirúrgica de um apêndice inflamado ou infeccionado), e nos dias de hoje são realizadas 03 pequenas incisões para execução da remoção do apêndice. Outro exemplo: cirurgias em joelho, cirurgias plásticas faciais, etc...

Qual a diferença desta técnica para a técnica tradicional de implante dentário?
Para ser instalado o parafuso de titânio intraósseo (implante dentário) e posteriormente a colocação do dente de porcelana sobre este, é necessária uma quantidade mínima de osso na maxila e/ou mandíbula. Quando existe a carência de osso, torna-se necessária a recuperação (ou reconstrução) do processo alveolar dentário, que habitualmente é realizado tanto em consultório quanto em ambiente hospitalar sob anestesia geral, dependendo da quantidade de osso atrofiado. Quando os defeitos ósseos são pequenos, o dentista rotineiramente retira de uma área doadora intrabucal. Ou, quando a atrofia é grande, ele retira de outras regiões anatômicas ósseas: tíbia, crista ilíaca, parietal. No entanto é necessária a assistência de cirurgiões ortopédicos ou neurocirurgiões ou de cirurgiões plásticos. Tanto uma quanto outra técnica possuem duas áreas operadas, ou seja, a morbidade do paciente deve ser considerada. Porém, em função desta área doadora promover tal situação ao paciente, está crescendo no Brasil o Banco de Ossos humanos para esse fim. Mas o risco de deiscência de sutura (abertura espontânea de suturas cirúrgicas) pela baixa elasticidade dos tecidos moles que deverão cobrir a região enxertada é ainda muito alto, gerando desconforto tanto ao paciente quanto ao dentista. Baseada nessas dificuldades, a Técnica Kricheldorf está se tornando um procedimento de alta previsibilidade de resultados e baixo risco de rejeição, contaminação e morbidade. Pois ela, previamente à colocação do biomaterial que vai recompor o tecido ósseo atrofiado, promove a expansão dos tecidos moles, gerando o espaço necessário para tal reconstrução.

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Como é o procedimento da técnica?
A Técnica Kricheldorf é realizada em duas etapas cirúrgicas sob anestesia local:
Na primeira etapa, é realizada uma pequena incisão (aproximadamente 5mm) na mucosa bucal distante da região óssea atrofiada. Por esse acesso é introduzido um polímero borrachoide esterilizável que vai ficar entre o osso e o periósteo (fina membrana que recobre todos os ossos do corpo humano) para distender esse tecido mole vertical e horizontalmente.
Após 14 dias, pelo mesmo acesso realizado na 1a etapa, o expansor é removido e, através de uma seringa, é introduzido (ou preenchido) o espaço conseguido pelo expansor. O biomaterial colocado é sintético em formato granuloso com micro e macroporosidade e composto de cálcio e fosfato.

Quanto tempo demora até que o paciente já esteja com a boca preparada para receber os implantes?
O tempo não muda, seja pelas técnicas convencionais ou pela Técnica Kricheldorf, pois o osso, para ser formado, passa por todo um processo de neoformação naturalmente, tendo como fonte as células mesenquimais diferenciadas em osteoblastos e osteoclastos. Esse tempo para instalação de implantes demora em média 6 meses.
As células mesenquimais são as famosas células tronco, que, nesse caso, se transformam em osteoblastos (células ósseas jovens), osteócitos (células ósseas adultas) e osteoclastos (células ósseas que tem capacidade de "corroer" algumas partes do osso, tornando-o mais arredondado, mais anatômico, e algumas vezes o osteoclasto, por várias influências, pode exagerar nesse processo de degeneração óssea, provocando atrofias ósseas, cavidades, etc).

Quais são as vantagens da técnica?
São várias as vantagens da Técnica Kricheldorf:
Não necessita de área doadora.
A incisão para reconstrução do local atrofiado é pequena e não necessita ser estendida por todo o defeito ósseo.
O local da incisão fica distante do local enxertado, evitando perda do material e risco de infecção.
Consegue-se aumentar o rebordo ósseo atrofiado vertical e horizontalmente com boa vascularização e nutrição do local, mesmo com aumento de 13-15 milímetros.
Baixa morbidade do paciente.
Procedimento realizado sob anestesia local, em duas etapas de aproximadamente 15 minutos cada.
Alta previsibilidade de resultados.
Satisfação do paciente e redução do grande trauma e estigma das cirurgias de enxertos bucais.

Quem pode fazê-la e quem não pode?
Para a execução da Técnica Kricheldorf, é necessário um treinamento para saber todos os pontos importantes deste processo de reconstrução: a escolha e definição do biomaterial a ser utilizado, instrumental cirúrgico (apesar de simples, mas específico para a técnica), protocolos cirúrgicos e controles por imagens. No entanto, tanto dentistas como médicos cirurgiões estariam capacitados para este procedimento, que acredito ser um passo à frente no desenvolvimento de processos cada vez mais simplificados, trazendo muitos benefícios ao tratamento de sequelas, tornando a vida dos pacientes mais equilibrada, dando condições para terem uma vida mais saudável, melhorando a sua mastigação e também a sua vida social, pela possibilidade de terem novamente os dentes firmes e bonitos.


Dr. Fabio Kricheldorf (CRO nº 3939-SC ) é cirurgião-dentista e Traumatologista Bucomaxilofacial, com especialização pela Universidade de São Paulo – USP e doutorando em Implantologia pela Universidade Sagrado Coração – Bauru. www.drfk.com.br

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