quinta-feira, 28 de abril de 2011

O que há de mau com o hálito?

mau-halitoHoje em dia, não apenas o sorriso, tão importante nas relações interpessoais, tem despertado a atenção das pessoas, que cada vez mais se preocupam com os problemas relacionados ao mau hálito. A Halitose, palavra originada do latim — Halitus: ar expirado e Osis: alteração —, pode ser definida como uma alteração do hálito de origem local ou sistêmica caracterizada pela emanação de odores fétidos pela boca, podendo ser permanente, intermitente ou nos períodos de jejum prolongado. A preocupação com esse tipo de problema tem se tornado uma realidade cada vez maior entre as pessoas, uma vez que, segundo especialistas, esse pode ser considerado um fator de exclusão do indivíduo dentro dos relacionamentos sociais.
Entre as causas da halitose vale citar os processos cariosos e suas sequelas, placa bacteriana, peças protéticas, gengivites, periodontopatias, retenção de sangue nos interstícios dentários, pericoronarites, língua saburrosa, língua fissurada e alterações na composição da saliva. Contudo, destaque deve ser dado à língua saburrosa e às periodontopatias.
Uma observação que pode ser levantada se dá em relação ao mau hálito da manhã, que pode até ser considerado fisiológico – este na verdade está relacionado à hipoglicemia, à redução no fluxo salivar e ao aumento da flora bacteriana, durante a noite, contudo o episódio é facilmente controlado após a higienização oral.
Entre outros fatores relacionados à manutenção de um odor fétido na cavidade bucal, destacam-se os compostos sulfurados voláteis (CSV), entre os quais podemos citar o sulfeto de hidrogênio, a metilmercaptana e, em menor extensão, o dimetil sulfeto; compostos estes originados da atividade bacteriana sobre aminoácidos sulfurados.
Dentro deste contexto um aspecto a ser considerado é o cigarro, sendo este um potencial componente prejudicial ao hálito. Sabe-se que o cigarro apresenta um elevado número de toxinas, sendo mais da metade derivada de enxofre. O fumo causa aquecimento da mucosa, podendo levar a uma descamação, que pode levar à formação de saburra lingual, consequência desse processo.
Em relação ao tratamento da Halitose, atualmente existem vários métodos que podem ser aplicados para o correto diagnóstico, os quais são capazes de detectar mesmo os menores níveis de CSV produzidos na cavidade bucal. Vale lembrar que o mau hálito é um sintoma e não uma doença. Ele revela que algo no organismo está em desequilíbrio, e que deve ser investigado e tratado.
É imperativo salientar que, dentro deste contexto, a manutenção da saúde bucal tem elevada importância. A escovação dos dentes e da língua, bem como o uso do fio dental, são medidas simples e preventivas à halitose bucal. Entretanto ressalva-se que o uso de enxaguatórios bucais contendo clorexidina deve ser visto com muito cuidado, visto os problemas que uma incorreta utilização prolongada pode trazer.
Assim, devemos considerar que, em casos em que exista um problema com o mau hálito, ou a suspeita desse problema, a consulta a um cirurgião-dentista é com certeza o primeiro passo para a prevenção ou o tratamento desse mau que acomete muitas pessoas e muitas vezes passa despercebido.


Dr. Francisco Carlos Rehder Neto é Cirurgião Dentista graduado pela Faculdade de Odontologia de Ribeirão Preto – USP; Mestre pelo Programa de Pós-Graduação do Departamento de Odontologia Restauradora da Faculdade de Odontologia de Ribeirão Preto - USP e Doutorando no mesmo tema.

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