quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Cárie dentária

Contrariamente à crença vulgar, a cárie é uma doença infecto-contagiosa, já que é desencadeada por uma infecção bacteriana ao nível dos dentes. No entanto, o desenvolvimento da infecção apenas ocorre se determinadas condições ecológicas estiverem reunidas, como alimentação inadequada (rica em açucares), má higiene oral ou presença de problemas na produção salivar.
O desenvolvimento da cárie, numa primeira fase, ocorre através da formação da denominada placa bacteriana. A placa bacteriana é a formação de uma película de colónias de bactérias na superfície externa do dente, cuja adesão é facilitada pela não escovagem regular dos dentes e a não utilização de dentífricos. As bactérias produzem um polissacarídeo extracelular (PEC) que facilita a sua fixação. A consolidação e aumento da espessura da placa permite a criação de um microambiente junto ao dente, caracterizado por um pH baixo (ácido). Este pH é devido aos subprodutos bacterianos e aos ácidos resultantes da decomposição de alguns alimentos, particularmente açúcares, auxiliando a fixação de novas bactérias e a degradação dentária.
Numa fase inicial, surge uma lesão reversível, caracterizada por uma mancha branca. Se a infecção não for debelada e a placa bacteriana não removida, a lesão progredirá, de um modo irreversível. O esmalte, revestimento externo e extremamente resistente do dente, é danificado, progredindo a infecção para as camadas dentárias subadjacentes, que oferecem menor resistência à progressão. Ao nível da dentina, o paciente infectado pode já sentir dor no dente, sobretudo com a ingestão de alimentos quentes ou frios, dado que nesta zona existem terminações nervosas. Nesta fase, o tratamento implica a brocagem do dente pelo dentista, sendo removida a zona afectada e substituída por um produto de consistência análoga (obturação dentária). 
Se a infecção progredir, pode atingir a polpa dentária, onde se situam os vasos sanguíneos responsáveis pela nutrição do dente e inúmeros receptores nervosos. Nesta fase, surge uma dor forte, espontânea, mesmo na ausência de alimentos. O tratamento, dado o grau de degradação, pode obrigar à extracção dentária, fenómeno sempre indesejável pelas alterações mecânicas e anatómicas que originam na mandíbula e, consequentemente, na mastigação.
A presença de anomalias na produção salivar é também um factor potenciador do surgimento de cáries, já que a saliva tem um papel importante na diluição e eliminação dos ácidos bacterianos, na manutenção do pH da boca, na estrutura do equilíbrio mineral dos dentes e uma acção antibacteriana, devido à presença de componentes bacteriostáticos, como a enzima lisozima.
A detecção e atempado tratamento das cáries é crucial, pelo que a realização de consultas dentárias regulares é muito importante, juntamente com uma adequada higiene oral e a ingestão de flúor, sobretudo nas fases juvenis de desenvolvimento dentário.

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